quinta-feira, 4 de abril de 2013

Síndrome de Münchausen

Deveras, um momento de reflexão importuna bastaria para desolar nossos sentidos e zurzir nosso espírito. Assumo que o célere adoecimento causado por um pensamento lúgubre despertou-me a maior das curiosidades. Primordialmente, passou-me pela cabeça que o raciocínio fosse motivado por razões vagas e que, por esse motivo, seria extremamente fugaz. Mas, por inconsciência, idolatrei-o por um momento e decidi analisá-lo pela abelhudice que o mesmo me causara. Assim, comecei a criar corpo a este pensamento e torná-lo mais concreto e presente, evitando sua mitigação - o que ocorre com o majoritário número das ideias frívolas que nos enfadam. Essas ideias me lembram os mosquitos, pois pousam sobre nosso corpo e nos pungem e, como resposta, nós as matamos ou as deixamos ir nunca dando importância à afetação ocasionada. Mas, agora que está transcrita minha motivação, vamos aos fatos.

Com efeito, podemos dramatizar ou vangloriar qualquer um dos nossos pensamentos e, assim, torná-los supérfluos ou grandiosos; todavia, quando esses pensamentos delineiam ideias sobre nós mesmos (a pessoa que está pensando imagina a si, dos sentidos ao espírito) há apenas duas decisões a se tomar: contentar-se ou relevar uma crise. Sim, enamorei-me de um pensamento crítico sobre mim e tratei de alicerçar as ideias e fomentá-las até que fosse necessário analisá-las. Em um primeiro momento, foi desconfortante imaginar uma crítica própria com tamanha precisão - e com inimagináveis maledicências; porém, foi dulcificante realizar uma autoanálise sem premissas sociais e, principalmente, sem uma falsa modéstia submergida no orgulho. Arquitetado isso, restou-me divulgar qual a fora ideia instituidora destas palavras e dessas análises que me atormentara.

Aqui estamos. Não seria propício desapontar o leitor, no entanto, sendo adequado, asseguro que o mais crucial já foi escrito. Evidentemente, seria tolice minha não afirmar qual foi o pensamento que me apoquentou e acoroçoou estas linhas. Suponho que seria algo que Herbert Freudenberger explicaria melhor. Deixando mais claro, fui infortunado por um trivial problema o qual estamos já condicionados; pelo simples "eu poderia me dedicar mais!". Ao que tudo indica, essa questão circula em nosso corpo de modo contínuo e, amiúde, nos causa um, vulgarmente esquecido, descômodo. Dito isso, ficam simples e maçantes recomendações: agucemos nossa curiosidade às pequenas e comuns ideias e, claro, analisemo-as com meticulosidade, há muito de nossos desejos nessas coisas banais que são tão facilmente lembradas como esquecidas.