domingo, 11 de novembro de 2012

A nau dos insensatos

Caros!

Depois de tanto, cá estou eu novamente. Pois bem, pensara em escrever aqui inúmeras outras vezes, mas estava atarefado demais com meus afazeres mundanos. Foram diversos assuntos tão relevantes e tão latentes que passaram pela minha cabeça, quase como a grande sacada de um mistério milenar, mas que acabaram arquivadas em algum lugar da minha mente. E essa realidade me levou a pensar no estilo de vida que se leva, numa escala “macro”.

Fico agora pensando se essa rotina mundo cão realmente é a única maneira de ser bem sucedido. Desde crianças fomos lapidados nos princípios do capitalismo, d’onde é vital alcançarmos um patamar financeiro que nos garanta uma velhice saudável e sem perrengues. Somos condicionados a buscar ser melhores do que os outros, para que, no final das contas, se tiver só uma vaga no futuro prometido, essa certamente será a nossa.

Não sou nenhum reacionário e nem tampouco sobrevivo sem inúmeros luxos “desnecessários”, mas me intriga onde foi perdido o caminho, onde se extirpou a singularidade da felicidade, do objetivo de uma vida inteira.

Pode parecer clichê, pois é clichê mesmo (e do bons), mas eu tenho visto gente perder inúmeras oportunidades de realizar-se internamente para buscar um status de “realização” perante os outros, para ser aceito, ser normal.

O problema, entretanto, não é restrito apenas a quem perde o seu valor único, intrínseco e subjetivo, mas afeta também e principalmente quem não quer ou não pode suportar tantas cobranças.

O que fazer com os loucos? Os aleijados? Os marginais?

Ah, tudo depende, o que eles podem “fazer de bom” se ajudarmos?

Não que o que tenha dito vá mudar a realidade, mas acredito na mudança, a mudança de mentes, de atitudes, de olhares. Somos todos iguais, e tão diferentes.

Balão mágico

Sim caro leitor, tu não estas lendo errado, são 9:19 da manhã e nem dormi ainda. Minha mente não tão lúcida como deveria me diz que devo escrever algo. Talvez seja um forte impulso do efeito do álcool que me faz tirar pensamentos de meu subconsciente e expô-los a ti. Ou talvez seja a cena que presenciei na saída da festa que participava. 

Eis que estou sentado em um canto, isolado, pensado no que devo fazer de minha vida. Meus momentos alcoolizados me fazem pensar se estou andando pelo caminho certo, se tudo que escolhi ou que tento escolher em minha vida são caminhos certos. "O álcool entra, e a verdade sai". Uma frase tão curta, com um sentido inexplicável.

Enquanto pensava nisso, vejo com um garoto. Não tenho ideia de sua idade, mas chutaria entre 13 a 14 anos. Um garoto simples que acompanhava sua mãe enquanto ela trabalhava. Se não me engano eram seis horas da manhã. Olhava para meu relógio e tentava achar um motivo para o menino ter acordado tão cedo.

Acompanhando o menino estava um balão de gás hélio em seus minutos finais de efeito. O garoto brincava com o balão como se fosse seu melhor amigo. Dava pulos de alegria e cuidadosamente fazia de tudo para que seu balão não escapasse, até que por um descuido o balão adentrou o céu.

Vi o desespero da criança em estar perdendo um amigo. Queria salvá-lo de qualquer maneira, mas já era tarde. Então me perguntei: será que a esperança do garoto foi junto com o balão? A magia de estar alegre é apenas momentânea?

Enquanto via o balão subir, fiz uma retrospectiva. Peguei a palavra felicidade e tentei decifrá-la em meu dicionário próprio: palavra que me remete a momentos inexplicáveis, mas que em um piscar de olhos me é roubada por atos. Fiz isso também com a palavra esperança: me faz sonhar, me faz viver, mas a perco quando os fatos me provam que devo esquecê-la.

Assim resumi a manhã do menino: a felicidade do garoto era imensurável, mas momentânea, pois o vento não conhece o que são sentimentos, e assim levou seu balão. A esperança era inexplicável, mas a distância do balão lhe mostrava o quão sensível é o coração, que perdeu a esperança de tê-lo mais uma vez.

O fato mais marcante é que mesmo estando sem seu melhor amigo ele arranjou forças e virou a tristeza de cabeça para baixo com um golpe chamado recomeço. Com novas peças ele voltou a brincar. Já o balão foi só mais um, que entrou em sua vida, lhe trazendo felicidade e ensinamentos e se foi, motivando o garoto a buscar novos rumos.