segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Carta de ódio aos adultos

Declaro cá, meu ódio eterno aos adultos. Ódio eterno a mim mesmo, pois quando virei adulto percebi que não havia razão para o amor próprio. A razão pela qual odeio os adultos é simples: adultos não sabem viver. Confirmando, declaro meu ódio aos adultos e às adultas. Adultos jovens ou velhos. Enfim, odeio todo e qualquer adulto.

Não há ninguém que me convença a amar os adultos. Quando viramos adultos paramos de sonhar, e se não pararmos somos taxados de loucos. O adulto que sonha é louco pois, na verdade, mente para si mesmo ao querer dar razão ao seu sonho. Não há razão para se sonhar quando se é adulto. Não me engano com os adultos felizes, os quais por ventura surgem aos montes. Adultos não são felizes, e considero aqueles que veem felicidade em ser adulto como ignorantes - ou talvez ignorados.

Os adultos são chatos. Os adultos são muito preocupados. Os adultos vivem a mesma rotina de formas diferentes. Ademais, existem os adultos que fingem não ser adultos, procurando quebrar a rotina dos adultos tradicionais. Não passam de adultos diferentes, odeio eles da mesma maneira. Nenhum adulto feliz me convence. Felicidade tem idade. A felicidade termina quando passamos a ser adultos.

Dizem que o ódio faz mal, suponho que isso seja verdade. Porém, não vivo apenas de ódio aos adultos. Eu amo as crianças. Existe fase mais bela na vida? Crianças brincam, divertem-se, dançam às setes notas musicais. E, principalmente, sonham, sonham muito, têm sonhos incomensuráveis. Não há dúvidas de que existe um paraíso, nosso paraíso é ser criança.

Adultos e crianças são opostos. Por isso, todo meu ódio se transforma em amor, ao trocarmos a palavra adulto pela palavra criança. Crianças são simpáticas, crianças são felizes (de verdade), ser criança é o ápice da nossa vida. Adultos não amam, adultos não brincam, tampouco brigar adultos sabem. Pois bem, há muito sabíamos disso: "Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos céus." Uma pena que isso não seja possível, depois de adulto impossível nos convertermos em crianças.

Com efeito, amo crianças e odeio adultos. Mas, corrijo-me, talvez meu ódio não seja eterno, quiçá uma criança ensine-me a ter compaixão para com os adultos.

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